Viver, Trabalhar e Covid-19

Por pactoempregojovem em

Relatório de investigação, EuroFund, 2020

Resenha sobre a grupo etário 18-34 anos. Tradução adaptada.

Para capturar o impacto imediato da pandemia Covid-19 no modo como as pessoas na Europa vivem e trabalham, o Eurofund lançou um estudo online. Foram realizados 2 inquéritos, em abril e em julho, de forma a ser possível comparar a situação no momento em que muitos dos países europeus estavam em confinamento, com a situação posterior, aquando do relaxamento das medidas mais restritivas.

O impacto desta pandemia é de escopo e magnitude sem precedentes, afetando a saúde e situação socioeconómica de milhões de pessoas em todo o globo. Sendo que muitos empregos se extinguiram (mesmo que apenas temporariamente), esta crise leva-nos a tomar atitude perante o desemprego – especialmente o desemprego jovem.

O estudo online «Viver, Trabalhar e Covid-19», elucida-nos quanto ao impacto desta pandemia na vida das pessoas. Ajuda a identificar quais as áreas da vida e do trabalho mais afetadas e aborda dados de aspetos tanto materiais como não-materiais.

Os resultados irão ajudar os atores políticos a perceber onde é mais importante agir em termos de condições de vida e trabalho, de forma a promover condições para uma recuperação da pandemia mais equitativa.

Nas principais conclusões do estudo, especialmente no que diz respeito ao impacto da pandemia na vida das pessoas jovens, são os participantes do grupo de idade entre 18-34 anos, assim como os que possuem apenas educação primária e secundária, os mais provavelmente afetados pelo desemprego durante a pandemia Covid-19.

Na componente Emprego, horas de trabalho e insegurança no trabalho, tanto os participantes trabalhadores por conta própria, assim como as mulheres jovens são os grupos mais afetados pela perda de trabalho durante a pandemia. Na análise de grupos etários, os participantes mais jovens são os mais afectados pelo desemprego.

Na avaliação dos efeitos do Covid-19 no bem-estar mental, o estudo mostrou uma melhoria para todos os grupos etários entre abril e junho. No entanto, sem dúvida que a crise sanitária e económica provocada pelo Covid-19, impactou largamente o bem-estar mental dos inquiridos, sendo que os mais jovens e aqueles que perderam o trabalho mostraram mais sinais de saúde mental debilitada.

Jovens participantes, com menos de 35 anos, faziam parte do grupo dos menos satisfeitos com as suas vidas em Abril.

Os participantes mais jovens manifestaram mais solidão, tensão e depressão. Quando inquiridos sobre sentimentos negativos novamente em Julho, houve uma ligeira diminuição do número de participantes com esses sentimentos, ainda que pouco significativa.

Sentir-se tenso sempre ou na maior parte do dia, foi um sentimento bastante reportado durante o confinamento, diminuindo ligeiramente na segunda fase do censo. Os grupos etários mais jovens estavam entre os que mais responderam sentir-se dessa forma.

Foi encontrada uma correlação entre o desemprego e insegurança no trabalho com menor estado de saúde mental. Foi também possível relacionar a perda recente de trabalho com esta diminuição do estado de saúde mental.

A percepção de insegurança no trabalho (pensar que é provável ou muito provável que se irá perder o emprego num futuro próximo) mostrou uma ligação mais forte com o sentimento de ansiedade, do que a real perda de emprego. Cerca de 30% dos que pensavam ter uma situação laboral instável mostravam-se tensos sempre ou na maior parte do dia, e 19% destes sentiram-se deprimidos.

Os Jovens participantes e os desempregados são os que mais manifestam sentir-se excluídos da sociedade, ainda que no universo de participantes de Portugal apenas 11% tenha respondido sentir-se excluído da sociedade.

Pessoas jovens são menos positivas sobre si mesmas do que os mais velhos, mas mais otimistas sobre o seu futuro do que os mais velhos. 

Ao abordar a Confiança e otimismo sobre o futuro, concluiu-se que a confiança no governo está fortemente relacionada à satisfação com o funcionamento da democracia, pelo que os níveis de satisfação foram superiores em países nos quais a confiança no governo era também elevada.  Tal como com a confiança, a satisfação é menor para os participantes desempregados. Os níveis mais elevados de satisfação foram encontrados para jovens com educação superior.

Em termos gerais, o estudo mostrou maior satisfação com a vida nos grupos mais jovens em julho, comparativamente com abril. No entanto, enquanto manifestam menor preocupação com a sua situação financeira, não evidenciam ainda ter recuperado das marcas mentais trazidas pela pandemia: As restrições do confinamento forma mais impactantes para os mais jovens do que noutros grupos etários. Sentiram-se também mais excluídos da sociedade.

Como conclusão, será importante dar atenção à sua situação em específico antes de um próximo pico – e potencial confinamento – cuidando os sentimentos de solidão, depressão e ansiedade.

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