JUVENTUDE e COVID-19 – Impacto no trabalho, educação, direitos e saúde mental

Por pactoempregojovem em


Relatório de investigação, International Labour Organization, 2020

Tradução literal do Resumo do relatório

tempo de leitura: 6 min

Documento original: YOUTH AND COVID-19. IMPACTS ON JOBS, EDUCATION, RIGHTS AND MENTAL WELL-BEING. SURVEY REPORT 2020


A pandemia Covid-19 veio desestabilizar todos os aspetos das nossas vidas. Mesmo antes desta crise, a integração social e económica das pessoas jovens atravessava um desafio constante. Atualmente, se não se tomarem medidas urgentes, os jovens podem vir a sofrer os impactos desta pandemia de forma severa e duradoura. 

O inquérito global teve como objetivo perceber os efeitos imediatos da pandemia nas vidas dos jovens (entre 18 e 29 anos) no que diz respeito ao emprego, educação, saúde mental, direitos e ativismo social. Mais de 12 mil respostas foram recebidas de 112 países, com uma grande proporção de jovens com acesso à educação e daqueles com acesso a internet. A população inquirida é representativa de estudantes e jovens trabalhadores, com educação terciária, que em conjunto representam cerca de um quarto dos jovens do países intervenientes.

O estudo mostra que o impacto da pandemia é sistemático, profundo e desproporcional. Tem sido particularmente dificil para jovens mulheres, jovens mais novos e jovens de países com rendimentos mais baixos. Os jovens estão preocupados com o futuro e em como farão parte dele. Este estudo conta-nos a sua história. 

***

Dos jovens que estavam a estudar ou a combinar estudos com trabalho, antes da crise se ter instalado, três quartos (73%) experienciaram o fecho de escolas, sendo que nem todos puderam transitar para uma aprendizagem online e à distância. De facto, o COVID-19 deixou 1 em cada 8 jovens (18%) sem qualquer acesso a cursos, ensino ou capacitação; uma situação particularmente severa entre jovens de países de rendimentos mais baixos e que vem mostrar as diferenças digitais pronunciadas entre regiões.

Mesmo com os melhores esforços das escolas e instituições de ensino para dar continuidade através de meios online, 65% dos jovens responderam ter aprendido menos desde o início da pandemia, 51% acreditam que a sua educação foi adiada, e 9% teme que a sua educação possa ser posta em causa.

A pandemia também tem sido dura para os jovens trabalhadores, destruindo os seus empregos e minando as suas perspetivas de carreira. Um em cada 6 jovens (17%) que estavam empregados antes do início da pandemia, pararam completamente de trabalhar, sendo mais notável para os jovens trabalhadores com idades compreendidas entre 18 e 24 anos e para os que trabalhavam nas áreas administrativas, serviços, vendas e comércio artesanal. O número de horas de trabalho entre jovens trabalhadores empregados baixou quase um quarto (i.e. cerca de duas horas diárias) e dois em cada 5 jovens (42%) manifestou uma redução no seu vencimento. 

Os jovens de países com rendimentos mais baixos são os mais expostos a redução de horas de trabalho e na redução do vencimento consequente. A profissão foi o maior factor diferenciador do impacto da crise entre jovens homens e mulheres, sendo que as jovens mulheres manifestaram maiores perdas de produtividade quando comparado com os jovens homens.

A disrupção severa à aprendizagem e ao trabalho, conjuntamente com uma crise sanitária, tem levado a uma deterioração da saúde mental dos jovens. O estudo encontrou que 17% encontram-se provavelmente afectados por ansiedade e depressão. A saúde mental é ainda menor entre jovens mulheres e jovens de idades menores, entre 18 e 24 anos. Aqueles jovens cuja educação ou trabalho foi cancelada ou parou totalmente, apresentaram quase o dobro de respostas indicativas de possível ansiedade ou depressão do que aqueles que mantiveram o emprego ou deram continuidade à sua educação. Isto vem sublinhar a estreita relação que existe entre a saúde mental, o sucesso escolar e a integração no mercado de trabalho.

Ainda que os jovens reconhecessem a importância do confinamento como medida de preservação de vidas, os jovens também mencionavam o impacto indireto na sua liberdade de circulação. Para mais, um em cada três (33%) mencionou um impacto importante nos seus direitos de participar em assuntos públicos, enquanto que mais de um quarto (27%) experienciou dificuldades em exercer os seus direitos de liberdade religiosa ou de credo. Cerca de um quarto dos jovens (24%) sentiu que as imprecisões em torno da pandemia afetaram os seus direitos de acesso à informação. As necessidades básicas também foram um tema importante: para um quinto dos jovens (21%), especialmente aqueles desempregados, o seu direito a ter uma casa era posto em causa pela dificuldade em pagar as contas.

No entanto, apesar de todas as dificuldades, os jovens mantiveram-se determinados em cooperar e participar, de forma segura e efectiva, com os governos, parceiros sociais, sociedade civil e outras instituições para “Build Back Better” (“construir de novo e melhor”). Mais do que um em cada quatro mencionou estar envolvido em voluntariado (31%) e contribuindo com donativos para a resposta à COVID-19 (27%). Além disso, os jovens deram sinal aos governos para reforçar medidas de confinamento, tais como o teletrabalho, sempre que possível. Pretendiam que as medidas fossem aliviadas gradualmente, pois para eles a segurança e a saúde de todos os trabalhadores e cidadãos é primordial.

O estudo apresenta histórias poderosas e testemunhos de jovens de todo o mundo, que incluem ideias inovadoras sobre como responder à crise. Estão preocupados com os mais vulneráveis, desde os mais pobres, trabalhadores migrantes e informais aos mais idosos, com os trabalhadores de saúde na frente de intervenção e os desempregados. As vozes, energia e resiliência dos jovens estão a moldar um planeta mais seguro, mais inclusivo e mais igualitário para todos.    

Para dar suporte e amplificar as vozes dos jovens e das suas ações, este estudo pede investimento urgente e direcionado a empregos de qualidade para os jovens, incluindo a proteção dos direitos humanos dos jovens; programas de garantia de emprego e capacitação; proteção social e subsídios de desemprego para jovens; maiores esforços para promover a qualidade e acesso à aprendizagem online e à distância; e complementos mais robustos com serviços de apoio psicológicos à saúde mental e atividades desportivas.

Apenas trabalhando em conjunto, com e para a juventude, poderemos prevenir que a crise COVID-19 venha a ter não apenas um impacto negativo mas também um impacto a longo prazo nas vidas destes jovens.

Leia na íntegra o documento original: YOUTH AND COVID-19. IMPACTS ON JOBS, EDUCATION, RIGHTS AND MENTAL WELL-BEING. SURVEY REPORT 2020

Categorias: Leitura da semana